sexta-feira, 11 de junho de 2010

The Soviet Story - sobre uma montanha de cadáveres


Um filme documentário feito por um diretor Letão que mostra como a União Soviética ajudou a Alemanha nazista promover o Holocausto.

Além disso, é um documentário sobre os crimes Soviéticos contra a humanidade e seu próprio povo numa escala industrial. Mais importante, sublinha a semelhança dos regimes Nazi e Soviético e as indiscutíveis maneiras de como eles ajudaram-se mutuamente. Termina com uma conclusão de como a Europa carece de vontade política para condenar totalmente os crimes comunistas contra a humanidade, porque não é assim que o mundo funciona. Com a Alemanha e a Rússia construindo gasodutos juntos, é difícil imaginar um levantando a voz contra o outro e exigindo, por exemplo, a extradição dos interrogadores da KGB soviética que torturaram muitas pessoas até à morte. Eles continuam a viver em Moscou como veteranos condecorados.

O documentário "The Soviet Story" (A História Soviética) é dirigido por Edvins Snore, que passou 10 anos coletando informações e dois anos filmando em vários países. Entre os entrevistados no filme estão historiadores ocidentais e russos como Norman Davies e Boris Sokolov, o escritor russo Viktor Suvorov, o dissidente soviético Vladimir Bukovsky, membros do Parlamento Europeu e também as vítimas de terror soviético.

Em meio ao impacto causado pelas imagens e informações sobre a escala industrial das atrocidades soviéticas, alguns pontos me chamaram particularmente a atenção em The Soviet Story:

* George Bernard Shaw aparece defendendo explicitamente (voz, imagem e por escrito) o extermínio das pessoas "inúteis", isto é, daqueles que consumiam mais do que produziam. Shaw, muito humanista como convinha a um socialista fabiano, pede apenas que se invente um modo rápido e indolor de se assassinar em massa os cidadãos indesejáveis. Os nazistas atenderam aos apelos de Shaw inventando o Zyklon B. Aliás, Georginho apoiou os nazistas na época de sua ascensão ao poder.

* O racismo de Marx já é razoavelmente conhecido, no entanto o filme mostra que essa característica não era uma idiossincrasia do barbudo, mas um aspecto constitutivo da doutrina comunista em sua origem. Com o tempo, o que houve foi apenas o deslocamento do ódio racial para a lógica da "guerra de classes". Mas o chauvinismo russo (como o Chinês, ainda hoje) e o "complô dos médicos judeus" inventado por Stálin às vésperas de sua morte em plenos anos 50 deixam claro que o racismo sempre esteve lá, um pouquinho abaixo da superfície do comunismo. Engels, o industrial burguês que sustentou o parasitismo de Marx a vida toda, escreveu artigos chamando os povos rurais europeus de Volkerabfalle - "lixo racial" - e afirmando que esse "lixo" teria de ser eliminado, já que não haveria como fazê-los ascender ao estágio "civilizacional" do comunismo. Povos não-europeus, então, nem sequer existiam para Marx e Engels.

* Os socialistas nacionalistas (também conhecidos como nazistas e fascistas) seguiram ao pé-da-letra os "ensinamentos" de Marx e Engels. No filme, é lembrada a infame frase de Marx: "As classes e as raças fracas demais para dominar as novas condições de vida devem retroceder [...] Elas devem perecer no Holocausto revolucionário".

* O ex-dissidente soviético Vladimir Bukovsky, um dos estudiosos entrevistados, esclarece que as revoluções comunistas, em qualquer lugar do planeta, começam sempre exterminando no mínimo 10% da população. Isso faz parte do mecanismo revolucionário, que elimina engenheiros, médicos, professores, empresários e trabalhadores especializados de forma a facilitar seu projeto de "reengenharia social" e de criação do "homem novo". A criação do "homem novo", aliás, é mais um objetivo comum de nazistas e comunistas.

* O filme é brilhante ao mostrar a semelhança essencial entre o nazismo e o comunismo, frutos da mesma ideologia totalitária criada por Karl Marx. A seqüência que mostra lado a lado os cartazes de propaganda dos partidos nazista e comunista soviético - idênticos! - é simplesmente genial. E irrespondível.

* Às viúvas de Stalin que tentam uma defesa torta do totalitarismo comunista exaltando a "importância soviética na derrota de Hitler", o filme lembra um fato incontrastável e humilhante para os comunas: A URSS entrou na Segunda Guerra Mundial do lado dos nazistas, invadindo, em aliança com Hitler, a Polônia - bem como a Lituânia, a Estônia, a Letônia e a Finlândia, todos países neutros. O filme mostra os horrores provocados contra a população civil pelos invasores soviéticos.

E tem mais, muito mais. Acho que foi o melhor filme que vi sobre a história do totalitarismo soviético. Muitas cenas são terríveis e causam um profundo mal estar (principalmente as imagens de arquivo sobre o Holocausto Ucraniano, quando os soviéticos exterminaram pela fome milhões de habitantes para melhor controlar a irriquieta Ucrânia), mas não há apelação barata para a "pornografia da violência". É cinema-documentário de primeira linha.

Fonte: http://nemersonlavoura.blogspot.com/2008_08_01_archive.html

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