segunda-feira, 6 de outubro de 2008

TV e lavagem cerebral



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Por Ipojuca Pontes   
14-Abr-2008
Um dos meus temas prediletos é o de como os comunistas manipulam a informação. Ou melhor, de como eles, controlando a mídia, desinformam ou laboram na indústria da contra-informação. Todo o processo de informar comunista consiste em inverter os fatos em função do interesse ideológico. Se o fato contraria o interesse e a visão do partido, pior para o fato: ele será caçado a pauladas e enterrado em cova profunda. Querem um exemplo de como a coisa funciona? Pois vejam. Para divulgar as mentiras sistemáticas da revolução russa, uma verdadeira peça de ficção, os dirigentes bolchevistas (Trotsky e Lênin, entre eles) inventaram um jornal e a ele deram o nome de “Pravda”, que traduzido do russo significa “A Verdade”.

(Mesmo depois da derrocada soviética, o “Pravda”, agora sob o cabresto de Putin, continua mentindo adoidado. Recentemente, numa edição online, o jornal publicou matéria ilustrada com a foto de um “Buick” estacionado numa viela de Havana, com a seguinte manchete: “Cuba: terra da liberdade”).

Em artigo que escrevi sobre a bilionária TV Pública do governo, conhecida como TV Brasil ou ainda “TV de Lula”, ponderei o seguinte: “Estatal ou não, a principal ameaça da TV Pública reside no fato de que, nela, a informação transforme-se em mais um instrumento ideológico – subliminar ou não – a serviço do pensamento único. Não se discute hoje que os objetivos do PT são de caráter hegemônico, o que vale dizer numa linguagem crítica, totalitário. Esperar dentro das hostes engajadas do PT uma postura jornalística isenta de propósitos revolucionários, no manuseio de um veículo de massa como a televisão, é como esperar que o sol nasça quadrado”.

Em outra oportunidade, anotei: “Mais preocupante do que os ostensivos gastos do governo com a TV Brasil é a sua utilização como instrumento político comprometido com as ‘transformações revolucionárias’ preconizadas pelo Foro de São Paulo, do qual Lula é um dos fundadores ao lado de Fidel Castro. Com efeito, segundo as atas do Encontro Paralelo de Comunicação organizado pelo Foro em Porto Alegre, em 1997, ficou definida, como meta dos seus integrantes, a ‘constituição do controle público dos meios de comunicação e telecomunicações, uma vez que a questão tem sentido estratégico no enfrentamento ao neoliberalismo’”.

E, então, finalizava: “Examinada com o mínimo de isenção a programação da TV Brasil, não será despropositado concluir que ali se cultua o mais notório terceiro-mundismo, com toda a sua carga de torções, distorções e preconceitos. E no que tange à prevalência do pluralismo das opiniões, o direito ao contraditório político-ideológico está mais para peça de ficção, visto que a representação do pensamento liberal ou conservador nos programas da emissora inexiste”.

Não deu outra: uma semana depois do que escrevi – de resto, sem  contestação -, o jornalista Luiz Lobo, editor-chefe do “Repórter Brasil”, telejornal da TV de Lula, foi demitido sumariamente pela censura imposta no Planalto: “Não podíamos falar em dossiê, mas só em ‘levantamento sobre o uso dos cartões’”, afirmou Lobo. “A pressão aumentou quando a crise dos cartões corporativos atingiu a ministra Dilma Roussef” (suspeita, segundo a oposição, de deixar vazar informações sobre os gastos do ex-presidente FHC e sua mulher, Ruth).

Segundo Luiz Lobo, “Há (na TV Brasil) um cuidado que vai além do jornalístico” . E avança:“Todo texto sobre Planalto, Presidência, política e economia tem de passar pelas mãos de Jaqueline Paiva (mulher do também jornalista Nelson Breve, assessor de imprensa da Presidência da República). É ela quem edita, faz as cabeças. Existe um poder dentro daquela redação. Eu era editor-chefe, mas perdi a autonomia até para fazer a escalada (manchetes). A Jaqueline muda os textos dos repórteres frequentemente. Há insatisfação entre os jornalistas”.

Para o ex-editor-chefe do “Repórter Brasil”, o espaço dado à oposição na TV Brasil é um disfarce. Sobre as agruras do seu trabalho em busca da informação correta, Luiz Lobo diz que travava embates diários na redação de Brasília. “Nunca gravei uma nota que Jaqueline não revisasse. Não vou dizer que fui um editor-chefe de faz-de-conta porque lutei muito”.

Tudo isso ocorre no exato momento em que outro dissidente do jornalismo oficial, Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás – órgão do qual fazia parte a TVE (hoje, TV Brasil) -, lança em São Paulo “Em Brasília, 19 horas”, livro sobre a ação do governo na manipulação da mídia oficial. Para Bucci, um “espírito acadêmico” desencantado com a informação partidarizada, o PT “troca a política pelo marketing e a comunicação pela propaganda”.

Ao se insubordinar contra a mentalidade ditatorial petista, Bucci, talvez um ex-petista, denuncia na obra os sete pecados capitais do discurso “revolucionário” de esquerda, no tocante à informação. São eles: 1) Sonegar a história e ocultar os fatos que não convêm; 2) Dizer “nós” para impor obediência e intimidar a divergência; 3) Semear a intriga para fulminar os que pensam diferente; 4) Promover o uso dos meios de comunicação públicos para fins do grupo que governa; 5) Banir a reportagem (contra) e demonizar o jornalismo (livre); 6) Desdenhar do adverso para desqualificá-lo; 7) Acusar pelas costas, sem provas e sem tolerar o direito de defesa.

Desde a fundação do “Pravda” e muito antes da tomada do poder pelos comunistas, sabe-se que a informação, para eles, é apenas um instrumento de lavagem cerebral que tem por objetivo obscurecer a percepção da realidade e fincar na cabeça das massas a “verdade revolucionária”: editores, redatores, repórteres, ilustradores, etc., que rezarem piamente pela cartilha, serão exaltados e promovidos. Os insurgentes serão banidos das redações, cairão em desgraça ou serão fuzilados. Como ocorreu com Carlos Franqui, editor do jornal “Revolución”, na Cuba dos Castro

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