ROBERT J. SAMUELSON Newsweek
NOVA YORK, EUA - O furor despertado pelo estudo que atribui a queda do índice de criminalidade, em parte, ao aborto, pode nos dizer muita coisa sobre os Estados Unidos e sobre os crimes. Para quem não leu a respeito, o estudo - feito pelo economista Steven Levitt, da Universidade de Chicago, e pelo professor de direito John Donohue 3º, da Universidade Stanford - concluiu que a metade da queda do índice de crimes registrada desde 1991 pode ser um reflexo da decisão tomada pela Suprema Corte no caso Roe versus Wade, de 1973, que legalizou o aborto.
A alegação dos pesquisadores é a de que alguns criminosos em potencial não nasceram porque as respectivas mães fizeram aborto. Se for verdade, o país teve uma safra um pouco melhor de adolescentes na década de 90.
Mas isso é verdade? Talvez jamais cheguemos a saber. O declínio dos crimes é um dos grandes mistérios da década de 90. Entre 1991 e 1997, o índice de homicídios baixou 31%; os índices de todos os crimes violentos (homicídios, estupros, agressões, roubos) e crimes contra a propriedade (invasão de domicílio com intenção de roubar, e roubo de automóveis) baixaram 19% e 16%, respectivamente.
Números
Ninguém previa isso e as teorias incomuns aventadas - melhor policiamento, sentenças mais enérgicas, menos desemprego - aparentemente não explicam o fenômeno totalmente. Frustrados, Levitt e Donohue (que fizeram amplo estudo do crime) imaginaram que o aborto poderia ter alguma ligação com isso. Eles afirmam, de modo convincente, que seu objetivo é compreender o crime, e não promover o aborto. Ambos ficaram impressionados com os números em si. "Não creio que as pessoas tenham conhecimento do fato de que uma entre cada quatro gestações acaba em aborto," diz Levitt. De fato, em 1992 houve 4,1 milhões de nascimentos e 1,5 milhão de abortos.
A alegação dos pesquisadores é a de que alguns criminosos em potencial não nasceram porque as respectivas mães fizeram aborto. Se for verdade, o país teve uma safra um pouco melhor de adolescentes na década de 90.
Mas isso é verdade? Talvez jamais cheguemos a saber. O declínio dos crimes é um dos grandes mistérios da década de 90. Entre 1991 e 1997, o índice de homicídios baixou 31%; os índices de todos os crimes violentos (homicídios, estupros, agressões, roubos) e crimes contra a propriedade (invasão de domicílio com intenção de roubar, e roubo de automóveis) baixaram 19% e 16%, respectivamente.
Números
Ninguém previa isso e as teorias incomuns aventadas - melhor policiamento, sentenças mais enérgicas, menos desemprego - aparentemente não explicam o fenômeno totalmente. Frustrados, Levitt e Donohue (que fizeram amplo estudo do crime) imaginaram que o aborto poderia ter alguma ligação com isso. Eles afirmam, de modo convincente, que seu objetivo é compreender o crime, e não promover o aborto. Ambos ficaram impressionados com os números em si. "Não creio que as pessoas tenham conhecimento do fato de que uma entre cada quatro gestações acaba em aborto," diz Levitt. De fato, em 1992 houve 4,1 milhões de nascimentos e 1,5 milhão de abortos.
Mais informações: http://www1.an.com.br/1999/set/05/0mun.htm
Freakonomics
O livro Freakonomics - O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta é uma coletânea de estudos do economista Steven Levitt, Ph.D. pelo MIT, em parceria com o jornalista Stephen J. Dubner. A obra defende teses polêmicas, entre elas a de que a legalização do aborto seria a grande responsável pela redução das taxas de criminalidade em Nova Iorque. O próprio nome Freakonomics - que quer dizer algo como "economia excêntrica", segundo a responsável pela tradução da obra - contribui para que o livro mostre a que veio. Levitt tem uma linha de pensamento diferente da maioria dos economistas e, apesar de em Freakonomics ele seguir uma tendência tradicional atualmente em Economia – a de aplicar princípios econômicos às mais variadas situações da vida cotidiana – o livro não fica limitado a isso. Situações cotidianas são confrontadas pelos autores, e idéias simples, convenientes e confortadoras, tidas como verdadeiras pela sociedade, são postas em dúvida. No primeiro capítulo, as origens da corrupção são discutidas. No segundo, os autores debatem problemas decorrentes de assimetria de informação. No terceiro, levanta-se uma outra questão: por que os traficantes de drogas, apesar de estarem em uma atividade altamente rentável, ainda têm um baixo padrão de vida? O quarto capítulo é o mais polêmico: é o que defende a tese de que o aborto legalizado seria o grande responsável pela diminuição da criminalidade em Nova Iorque, e não fatores como a existência de uma economia mais forte, o aumento do número de policiais, a implementação de estratégias policiais inovadoras ou as mudanças no mercado de drogas. Os autores argumentam que filhos indesejados teriam maior probabilidade de se tornarem criminosos, pelas condições precárias de vida a que estariam sujeitos durante sua criação. Mesmo que possivelmente a tese não proceda, o livro foi elogiado por mexer em questões tidas como verdadeiras por serem convencionais e que nem sempre o são, sendo portanto, importante discutí-las. Por outro lado, há também economistas que criticam o livro - como Christopher Foote e Christopher Goetz, da Federal Reserve de Boston. Eles se empenharam em apresentar falhas na teoria de Freakonomics. Apontaram um erro que, se corrigido, reduziria pela metade ou até em dois terços o impacto do aborto sobre as prisões analisadas e, avaliando taxas relativas – não analisadas no livro - concluíram que, dessa forma, o impacto do aborto sobre as prisões desapareceria por completo.
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