segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Memorial e o Castelo de José Sarney



FONTE: http://omarteloblog.wordpress.com/2009/06/09/o-memorial-e-o-castelo-de-jose-sarney/

Sempre que viajo peço para que me levem às igrejas e museus, meus locais favoritos juntamente com as praias. Há uma década estive no Maranhão e me mostraram o Memorial “do” José Sarney. Pasmado, perguntei: “Mas como assim? Um memorial para uma pessoa viva?” Rimos. Não nego que minha pergunta teve um tom de perseguição, preconceito e um questionamento inerente: “Só não se preserva a memória, o acervo pessoal de uma pessoa, após o seu falecimento?” Hummm?… Desculpem-me a ignorância, mas estou sendo sincero.

Esse encontro com o Memorial me chamou a atenção em relação à saga da família do “Dono do Mar” no Maranhão.

Duas coisinhas que descobri recentemente sobre Sarney:

O Ministério Público Federal move uma ação onde pede à Justiça que declare ilegal a doação do Convento das Mercês feita pelo Estado do Maranhão para a Fundação José Sarney. A ação se baseia no Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que “organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, estabelecendo normas gerais sobre o instituto do tombamento e seus efeitos”.

O Convento das Mercês (cuja recuperação custou US$ 9,5 milhões) foi tombado em 1974 e inscrito nos livros do Tombo Arqueológico e do Tombo de Belas Artes, ligados ao Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mas em abril de 1990, o governo do Estado doou, ilegalmente, o prédio do antigo Convento a uma Fundação pertencente a Sarney. Na época da doação, a Fundação de Sarney se chamava Fundação da Memória Republicana que abrigaria o memorial José Sarney. Dez anos depois, no ano 2000, a instituição mudou de nome e passou a se chamar Fundação José Sarney.

Como se não bastasse o Memorial, há um caso recente envolvendo um castelo, mas dessa vez não é em Minas e o reboco caiu sobre as costas e a consciência do Marimbondo.

“Não sabia de nada”, foi o que o ex-Presidente da República disse ao ser perguntado porque depositavam 3.800,00 (quase 10 salários mínimos, renda da classe média brasileira) em sua conta, mensalmente pelo aluguel de um apartamento que ele jamais ocupou. O local é um “castelo” e se chma Quinta dos Lagos e está localizado em Portugal.

No final de sua Presidência em 1990, José Sarney adquiriu um castelo de 23.400 metros quadrados avaliado em R$ 30 milhões (10 milhões de euros). O castelo teria pertencido a Sarney pelo menos durante 4 anos; propriedade essa que nunca foi declarada à Justiça Eleitoral ou à Receita.

Dá-me um Castelo

Mais detalhes sobre o castelo encontrei no blog do jornalista Hélio Fernandes: “Segundo a revista portuguesa “Olá”, um suplemento do jornal “Semanário”, Sarney comprou a Quinta dos Lagos por meio da Almonde Securities S.A., uma offshore com sede no Panamá, mas que tem os fundos geridos na Suíça. Os dois países (Panamá e Suíça) são “paraísos fiscais” (locais que gente endinheirada busca para abrir empresas quando pretende driblar o Fisco). A matéria é intitulada – como o romance policial de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão – “O mistério da estrada de Sintra”. Nela, a repórter Maria do Rosário informa que o procurador da Almonde Securities em Portugal, na época, Carlos Aguiar, embora não tenha negado a compra da Quinta dos Lagos por José Sarney, “recusou-se a prestar maiores esclarecimentos”. Além da reportagem da revista “Olá”, o blog http://riodasmacas.blogspot.com, que descreve lugares e curiosidades de Sintra, posta há bastante tempo a informação de que José Sarney foi um dos donos da Quinta dos Lagos (buscar no google “quinta dos lagos rio das maçãs”). Comprada [depois da morte do primeiro dono, Fernando Formigal de Morais] por um tal senhor Andersen, cônsul geral da Dinamarca, a Quinta dos Lagos também teve como proprietários a família Sibourg e o ex-presidente do Brasil José Sarney”, atesta o blog de Fernandes.

Talvez o ex-Presidente da República, atual presidente do Senado (chamado pela revista inglesa “The Economist”, em fevereiro passado, de representante do semifeudalismo na política brasileira) e imortal da Academia Brasileira de Letras se negue a deixar que seu “Marimbondo de Fogo” (livro de poemas de Sarney) se apague ou voe para longe.

E quem sabe, para mantê-lo vivo e queimando, o bicho necessite de escândalos.

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