segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sarney, o preferido de Deus




















por Lúcia Hippolito

As mais recentes denúncias sobre as estripulias do senador José
Sarney estão longe de ser as últimas e apontam na mesma direção
de todas as anteriores: a privatização de recursos e espaços
públicos em benefício próprio. Ou de sua família. E o desprezo
às leis do país.

Senão vejamos: Distraído, Sarney não reparou que recebia
mensalmente R$ 3,8 mil de auxílio-moradia, mesmo tendo mansão em
Brasília e tendo à disposição a residência oficial de presidente
do Senado.Culpa da burocracia do Senado.

Distraidíssimo, Sarney esqueceu de declarar sua mansão de R$ 4
milhões à Justiça Eleitoral.Culpa do contador.

Precavido, requisitou seguranças do Senado para proteger sua
casa em São Luís - embora seja senador pelo Amapá.

Milionário (embora o Maranhão continue paupérrimo), não empregou
duas sobrinhas e seu neto em suas inúmeras empresas. Preferiu
que se empregassem no Senado.

Milionário generoso, não quis deixar a viúva de seu motorista ao
relento. Empregou-a para servir cafezinho no Senado, em meio
expediente, com salário de R$ 2,3 mil. Ah, e alojou-a em
apartamento na quadra dos senadores.

Generoso, não impediu que seu outro neto fizesse negócios
milionários com crédito consignado no Senado.

Ainda generoso, entendeu que um agregado da família deveria ser
também empregado como motorista do Senado - salário atual de R$
12 mil - mas trabalhando como mordomo na casa da madrinha, sua
filha e então senadora Roseana Sarney.

Aliás, Roseana considerou normal convidar um grupo de amigos
fiéis para um fim de semana em Brasília - com passagens pagas
pelo Congresso.
Seu filho, Fernando Sarney, o administrador das empresas, que sequer
é parlamentar, considerou normal ter passagens aéreas de seus
empregados pagas com passagens da quota da Câmara dos Deputados.

Patriarca maranhense, ocupou as dependências do Convento das
Mercês, jóia do patrimônio histórico, e ali instalou seu
mausoléu. O Ministério Público já pediu a devolução, mas está
complicado.Não é um fofo?

Um dos mais recentes escândalos cerca justamente a Fundação José
Sarney, que se apoderou das instalações do Convento das Mercês.
Consta que R$1.300 mil captados através da Lei Rouanet junto à
Petrobrás, para trabalhos culturais na Fundação José Sarney
foram... desviados.

Não há prestação de contas, há empresas-fantasmas, notas fiscais
esquisitas.
Enfim, marotice, para dizer o mínimo. Mas Sarney alega que só é
presidente de honra da Fundação.Culpa dos administradores.

E o escândalo mais recente (na divulgação, não na operação):
Sarney seria proprietário de contas bancárias no exterior não
declaradas à Receita Federal. Coisa do amigão Edemar Cid
Ferreira, amigão também da governadora Roseana Sarney a quem,
dizem, costumava emprestar um cartão de crédito internacional.
Coisa de gente fina.

Em suma, acompanhando as peripécias de José Sarney podemos
revelar as entranhas do coronelismo, do fisiologismo, do
clientelismo. Do arcaísmo.

Tudo isto demora a morrer. Estrebucha, solta fogo pela venta.
Mas um dia desaparece.Tal como os dinossauros

(E o presidente da República acha tudo isso muito normal?!)

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